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  Sunday, March 30, 2003  

[ 200067379 ]
 



Devagar devagarinho

Devagar, devagarinho, a população americana vai se frustando com as inicias expecativas sobre a propalada rapidez dessa guerra. Daí pra se colocar contra é um pulinho. A imprensa, como não é boba nem nada, começa então a reportar problemas a frente. A CNN, por exemplo, pouco a pouco e discretamente, insere gente contra a Administração Bush na sua telinha. Havia uma real impressão, criada pelos « gênios » da Administração atual, de que essa guerra duraria apenas algumas semanas. Já estão falando em meses agora e querendo levar mais tropas pra região.

Na sexta-feira, Nicholas Kristof escreveu um artigo preocupante de como o mundo está vendo esse conflito. Pra nós, não há nada de novo. Mas para os americanos é preciso contar o bê-á-bá.

Na mesma sexta-feira, Paul Krugman, que é o maior crítico da Administração Bush na mídia escrita, desceu a lenha em Dick Cheney, que é conhecido de ambos os lados, Democratas e Republicanos, como o grande cérebro da Administração Bush. Num governo descerebrado, Cheney seria o grande visionário e estrategista. Krugman faz grandes acusações a Cheney, inclusive e sobretudo, sobre sua renomada visão estadista.

Ficando ainda na sexta, há um artigo acusando a Administração Bush de estar escondendo informações relevantes e conferindo superpoderes fiscalizadores a Cheney.

Todos os artigos foram pubicados nas seções de Opinião e Editoriais do New York Times que, finalmente, parece ter acordado de seu sono governista.

P.S. : as melhores cenas da guerra, porém, continuam com Bush. Essa semana, ele deu uma entrevista coletiva com Blair. Foi um constrangimento geral para o país inteiro. Bush, junto com Blair, é como um garoto de ginásio na frente do reitor da Universidade. Só faltou a camiseta. Vale a pena ver aqui.

posted by The guy behind a screen @ 5:52 AM |

  Saturday, March 29, 2003  

[ 200066192 ]
 


Manhattan, vista da Williansburg Bridge

Trovoada, Ressaca e Tabaco

Semana passada choveu em Nova York. Antes, porém, ouvimos trovões que precedem as tempestades. O barulho, que todos conhecemos desde os 3 anos de idade, teve outras repercussões por aqui. Por alguns segundos, garanto, todo mundo que estava na rua teve um frio na espinha. Depois de September 11th e Bush no poder, um trovão não é mais um simples fenômeno da natureza.

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Antes de ontem, acordei com o barulho de helicópteros sobre minha cabeça. Pensei: “iiii, deu caca”. Ligo a tal da NY1, a televisão local daqui e vejo lá que tinham fechado uma das pontes que dão acesso a Manhattan, a Williansburg Bridge, porque 2 suspeitos tinham se pendurado na correias da ponte. Vinte e quatro horas depois, em discreta e consternada notinha, disseram que os tais suspeitos eram apenas bêbados, que tinham saído de uma baladinha aqui no bairro, o East Village, e resolveram ver Nova York de uma melhor vista. Mais uma vez, depois de September 11th e Bush, precisamos ser mais consequêntes até quando bêbados.

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Amanhã é o último dia para todos os fumantes de Nova York aproveitarem a noitada e se entupirem de cigarro. A partir de segunda-feira, cigarro é o segundo maior crime na cidade, perdendo só para explosões de prédios. Não será permitido fumar em nenhum dos mais de 7 mil bares e restaurantes de Manhattan. Pessoalmente, quero que os fumantes se danem. Mas considerando o pacote inteiro, fico com pena dos dependentes. Imaginem essas intermináveis discussões sobre a guerra que se espalharam pela cidade e esse povo todo com a mão esquerda do copo órfã da mão direita do cigarro? Pobrezinhos. Bush deveria fazer uma intervenção no governo municipal e abrir uma exceção para o período de guerra. Mas aí há o grande risco da exceção acabar virando regra...

posted by The guy behind a screen @ 12:04 PM |

  Thursday, March 27, 2003  

[ 200058804 ]
 



Weapons of Mass Destruction

Há uma frase que emplacou na sociedade americana. É um recurso simples. Não exige sofistificação de raciocínio, não exige prova em contrário, pode ser recitada por qualquer criança e expelida em qualquer circunstância, cortando o caminho que exigiria argumentação e retórica. A frase, colocada estrategicamente na retaguarda do pressuposto argumentativo e na justificação do resultado, está na manga de qualquer um, pronta pra ser utilizada, entre um e outro drink no bar. Na verdade nem é sequer uma frase, é uma combinação de três palavras: “weapons of mass destruction”.

Não me venha dizer que Bush é arrogante, louco, autoritário, que despreza a comunidade internacional, que ignora apelos, tratados, requisições ou diplomocia. Pois se Saddan tiver “weapons of mass destruction”, tudo está perdoado, justificado e validado. Virou então moda pela cidade, entre os pró-Bushinianos, vomitar a frase nonsense sobre todo e qualquer argumento, não importa qual, e justificar, como que por magia, a insanidade disso tudo.

No Brasil, mais precisamente em São Paulo, havia um slogan semelhante, um recurso que se usava pra evitar argumentos cansativos e desnecessários e, como aqui, jogava o debate na sarjeta civilizatória: “rouba mas faz”.

No fundo é sempre a mesma coisa: contra a ignorância, não há argumento que se sustente.

posted by The guy behind a screen @ 10:05 PM |

  Wednesday, March 26, 2003  

[ 200049522 ]
 

Democratas e Republicanos: há diferenças?


Antes de pôr o pé nessa terra, ao menos antes de pôr o pé com o corpo inteiro e a determinação em forma de uma mala carregada pra alguns anos, minha impressão sobre Democratas e Republicanos era a mesma que tinha sobre as cervejas nacionais: o que vale é a temperatura e as condições externas. O conteúdo é muito semelhante.

Ainda continuo a achar que Kaisers, Antarcticas e Brahmas são primas de primeiro grau, quando não irmãs siamesas, pra horror dos torcedores de bar, que devem achar a afirmação um sacrilégio de um analfabeto do copo. Cervejas à parte, minhas impressões originais sobre Democratas e Republicanos mudaram.

No Brasil tendemos a torcer para que os Republicanos ganhem as eleições. Há razões para isso. Tradicionalmente, os Republicanos são menos protecionistas sob o ponto de vista econômico, o que em tese é bom pra qualquer um que negocie com os EUA, inclusive nós, os brasileiros. Acaba aí, porém, a razão da nossa torcida. E então começa o imbroglio.

Pois muitas vezes não é fácil entender o que, afinal, determina a diferença entre esses dois partidos. Acostumados ao conceito de “direita” e “esquerda” e as idéias de capitalismo e anti-capitalismo que os acompanham, nós perdemos a referência num time em que todos são apenas capitalistas convictos. E aí reside a questão: este país, os EUA, têm, há algum tempo, uma agenda que se chama CAPITALISMO. Não há, portanto, perda de tempo e conversa fiada em discussões se isso ou aquilo deve ou não ser feito. A questão do como ser feito é que coloca congressistas de um lado ou outro do pêndulo e os definem entre Democratas e Republicanos. Os EUA não pararam, como paramos, no mata-burro da história, pensando se seriam uma democracia, uma ditadura, um país socialista, extrativista ou qualquer outra forma embrionária de sistema. Nós, acabamos escolhendo o semi-capitalismo. Eles, abraçaram o capitalismo por inteiro.

Seria errado, porém, acreditarmos que uma agenda comum que traz só distinções tópicas condenem seus partidários a vala comum e a mesmice dos tecnocratas. Republicanos e Democratas revelam diferenças que não estão nos artigos de jornal, nem nos discursos da Câmara. Mas são importantes diferenças. Talvez só o dia a dia, na repetida cena de miudezas cotididanas, isso se revele. É preciso ouvir na linguagem solta de bar, nas rápidas trocas de comentários nos escritórios e no franco tête-a-tête dos bêbados nos casamentos para se ver, enfim, que há um grande universo que separa Democratas e Republicanos. É quase um estado de espírito.

Democratas tendem a ser mais tolerantes, mais open-minded e mais indagativos. O preço disso é o tal do “politicamente correto”, essa onda maremótica que, em nome de nobres e reais valores, acabou por surrar por muito tempo a inteligência do mundo dos sensatos. No campo econômico, são mais conservadores e gostam de ver o Estado metendo o bedelho por todo canto. Usam calça cáqui sem prega e jeans com cintura baixa.

Republicanos não. Republicanos são seres taxativos. São liberais no campo da economia, mas querem o Estado autocrático dentro de suas casas. Não gostam de música eletrônica e tem regramentos morais inatacáveis, muito embora às vezes os violem quando as janelas se fecham e as luzes se apagam. São puritanistas por vocação e aceitam a violência na TV, mas não toleram o erotismo (como disse com felicidade Norman Mailer, “cortar peitinho pode, beijar peitinho não”). Têm o mundo esquadrinhado numa prancheta de madeira de verniz e traçam paralelos e meridianos com precisão matemática. Não usam muitas vírgulas nas frases previamente pensadas e preferem o afirmar ao indagar, quase sempre em tom exclamativo. O preço é alto: têm pouca paciência para o diálogo e a tolerância é curta quando se deparam com diferenças.

Em uma frase, Republicanos costumam ver o mundo em black & white, enquanto Democratas vêem as coisas em tom mais acinzentado. O curioso, porém, é que eles acabam se igualando em situações extremas. Quando a coisa está morna, seguem, em sinfonia, o rito da agenda comum. Quando bate o sol do meio dia e os radicalismos falam alto, se encontram na intolerância. Não sei o que é mais perigoso: tentar argumentar com um Republicano que esta guerra é um equívoco ou avisar as feministas Democratas que o aborto também pode ser interpretado como um ato criminoso. A chance de um tapa na cara ou uma briga de braço é grande.

A verdade é que onde a razão se recolhe e a intolerância sai às ruas, é sempre a lei do grito que conta. E berro, é algo que decididamente não falta por aqui.

posted by The guy behind a screen @ 9:27 AM |

  Tuesday, March 25, 2003  

[ 200046882 ]
 

Contact Lenses



Já imaginou, os pobres soldados que, como eu, usam lente de contato? Isso é que é dureza...

posted by The guy behind a screen @ 9:23 PM |

   

[ 200046760 ]
 

Notinha:

Há 2 minutos atrás, Michael Moore, o tal, foi entrevistado na CNN por Aaron Brown. Fiquei surpreso em vê-lo lá, numa TV que só traz gente pra defender a guerra, como já tive a oportunidade de dizer aqui. No finalzinho, já quase frustrado que ele, Moore, não tivesse dito nada sobre a cobertura da CNN, ele me vem com essa: "...eu é que agradeço, por ser a primeira pessoa em dias que é convidada por essa TV para dar uma opinião discordante". Aaron Brown tentou brincar, mas já era tarde. Televisão ao vivo tem esses riscos.

posted by The guy behind a screen @ 8:50 PM |

  Monday, March 24, 2003  

[ 200038032 ]
 


Cafeteria no interior do cine Angelika

City of God

Bombas despencam no Iraque, mas Nova York não liga. Ando por Manhattan tranquilamente, pedalando minha bicicleta pra cima e pra baixo, aproveitando o início da primavera. Um privilégio que poucas cidades do mundo oferecem. Paro no Angelika, cinema mais aberto aos filmes estrangeiros e finalmente assisto ao “City of God”, o nosso Cidade de Deus. Sala lotada.

Sorrio discretamente ao ouvir o fundo musical com sambas de Cartola. Pouca gente na platéia pode entender o que é ser brasileiro pra apreciar isso e dar a devida dimensão. Sobre o filme em si, muito já foi dito. É ótimo. Boa história, excelente produção, primorosa narrativa e atores de altíssimo nível. O tipo de coisa que faz você sentir orgulho quando está morando em terra estrangeira. Fernando Meirelles, definitivamente, acertou a mão. E sinceramente, não entendo o porquê de toda essa polêmica em torno do filme. A película é boa pacas. Period! Ponto!

E esse Matheus Nachtergaele, brasileiríssimo com nome de gringo, é o Kevin Spacey brasileiro. Coisa fina.

posted by The guy behind a screen @ 10:36 AM |

  Sunday, March 23, 2003  

[ 200034956 ]
 

Michael Moore recebe o Oscar

Tá com o inglês mais ou menos em cima? Se a resposta for não, vai no dicionário e usa essa muleta eletrônica, mas não deixe de ler o discurso de agradecimento do Moore no Oscar ontem à noite, sob chuvas de vaias e aplausos. Grifos, desnecessários, meus.

"Whoa. On behalf of our producers Kathleen Glynn and Michael Donovan from Canada, I'd like to thank the Academy for this. I have invited my fellow documentary nominees on the stage with us, and we would like to — they're here in solidarity with me because we like nonfiction. We like nonfiction and we live in fictitious times. We live in the time where we have fictitious election results that elects a fictitious president. We live in a time where we have a man sending us to war for fictitious reasons. Whether it's the fictition of duct tape or fictition of orange alerts we are against this war, Mr. Bush. Shame on you, Mr. Bush, shame on you. And any time you got the Pope and the Dixie Chicks against you, your time is up. Thank you very much."

The British Connection

Odeia o Bush, os americanos e quer boicotar o os EUA mas não quer deixar de fazer seu cursinho de inglês ou sua pós no exterior? Procura a Cristiane Moncau, a advogada que de tão competente e esperta descobriu que ia ser mais feliz longe de advogados. Agora, dá assessoria nota 10 pra quem engole Blair mas não consegue respirar Bush. Salvem a rainha.

posted by The guy behind a screen @ 8:32 PM |

  Saturday, March 22, 2003  

[ 200030531 ]
 

Nada como...

Ah...nada como morar nos EUA e poder assistir a TV ouvindo mentirinhas sobre a guerra, em vez de ter que suportar o hino do corinthians e replays dos gols a cada 5 minutos. Ah...que delícia são as vozes da CNN e o hino nacional americano...

posted by The guy behind a screen @ 5:33 PM |

  Friday, March 21, 2003  

[ 200024611 ]
 

Sinal dos tempos...

"You know the world is going crazy when the best rapper is a white guy, the best golfer is a black guy, the Swiss hold the America's Cup, France is accusing the United States of arrogance, and Germany doesn't want to go to war."
Anônimo

posted by The guy behind a screen @ 11:14 AM |

  Thursday, March 20, 2003  

[ 200016435 ]
 



O Primeiro Dia

Nova York amanheceu quase em silêncio, com dia nublado e discretos respingos de chuva. Coisa rara por aqui. Quase diariamente há um céu límpido e provocativo, só pra lembrar aos paulistanos o que se pode fazer com a poluição quando há determinação política e engajamento civil.

Há um certo clima de apreensão no ar. Mas não vejo medo. É a ansiedade do tipo pré-final de Copa do Mundo, tão cara a nós, brasileiros. Não se pode esquecer que a guerra, para os americanos, é um dos grandes esportes nacionais, só comparável ao beisebol e às finais do basquete. E por mais que tenha havido críticas ao Grande Chefe nos meses que precederam a estréia na Copa do Iraque, agora é hora de apoio. Mais ou menos como fizemos com Parreira e Zagalo, em anos de tortura e teste de paciência. Agora é hora de cruzar os dedos.

posted by The guy behind a screen @ 7:33 AM |

  Wednesday, March 19, 2003  

[ 200013768 ]
 


Culpados
Se essa urna eletrônica fosse "made in USA"...Quanto bagunça teria sido evitada...

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I´m right, you´re wrong

Ouço Bush em seu pronunciamento à nação. Momentos antes, ouço depoimentos de soldados americanos no golfo, que confessam estar temerosos com a guerra. Lembro-me de uma frase que certa vez ouvi do jornalista Joel Silveira: “Ganha uma briga quem tem mais razão e mais raiva”. À Bush falta razão. Aos seus soldados falta raiva. Mas com mísseis Tomahawk na jogada a história muda de figura...

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Lula e Morrissey

Fico lendo essas manchetes de jornal brasileiro e todos os pepinos que Lula anda passando. Imagino o barbudo Lula, no fim da tarde, com os pés na mesa, ouvindo um disquinho do The Smiths. Enquanto desce a mão esquerda pela barba felpuda, vai dedilhando na mesa de mogno os quatro dedinhos, em repetição atormentada. Lá pelas tantas, acompanha Morrissey com sua voz rouca: “I was looking for a job and I´ve found a job, but God knows....I miserable now...in my life.....”

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O outro homem

Um amigo meu, homem sempre altivo e seguro de si, rasteja como um homeless pelos corredores do escritório, desesperado com a mulher que lhe disse adeus. Bismarck estava errado. Não é a política que descaracteriza o homem. O amor, quando não correspondido, faz mais estragos do que a guerra.

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Estocolmo é ali

Sou arrancado do meu sonho entre suecas, a beira de um lago qualquer da Escandinávia, com um telefonema do escritório no Brasil. Aviso a todos: aqui são 2 horas a menos, please!

As suecas nunca mais voltaram....

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Déjà Vu

Abro uma Budweiser e fico imóvel diante da CNN, esperando o bombardeio começar. Fazia a mesma coisa no Brasil. Mas aí era a Antarctica que mandava, e os caças nacionais tinham nomes como Miller, Careca e Sídnei. Bons tempos aqueles...

posted by The guy behind a screen @ 6:52 PM |

  Tuesday, March 18, 2003  

[ 200006993 ]
 

Cansei de falar desse assunto. Os cartoons dão conta de tudo.

posted by The guy behind a screen @ 3:24 PM |

  Monday, March 17, 2003  

[ 200001280 ]
 



Pergunta: será que é possível ter um sistema de comentário profissional, que funcione, assim como um liquidificador, que colocamos na tomada, ligamos, desligamos e não temos nenhum problema? Quando, afinal, essa era da informática será parte do nosso uso cotidiano sem que tenhamos que nos preocupar se essa porcaria toda funciona ou não? Argh!

posted by The guy behind a screen @ 3:30 PM |

   

[ 90852575 ]
 



No Soho, com Kaká

Havia acabado de tirar o casaco. Por baixo, apenas uma camiseta. Fui andando então, molemente, pelo sol, lembrando que há meses esse gesto não era possível. O inverno tinha sido rigoroso. Mas uma hora tinha que acabar. Era certo. Todos sabiam, eu sabia, uma hora esse inverno chegaria ao fim. Nada disso, porém, diminuia o castigo dos meses de frio.

Mas agora era tempo de aproveitar. Com o casaco pendurado nas costas e entre um passo e outro pelas ruas do Soho, apinhada de turistas e também de locais, vi, então, entre a multidão, um menino, um rapaz com cara de criança. O rosto, mais do que conhecido, ia se aproximando. Fui chegando perto, apressando o encontro fortuito. Quando a meio metro de distância, indaguei, com grande surpresa, quase exclamativamente: “Kaká?”. Ele, espantado, olhou direto pro meu rosto, procurando nos meus traços uma face amiga. Antes que esboçasse qualquer resposta, perguntei de novo: “Mas o que é que você está fazendo aqui? Você não era pra estar em São Paulo? Hoje é a final do campeonato(paulista). Você não era pra estar lá?”. Um pouco tenso, trocou a sacola da Ralph Lauren da mão direita pra esquerda, juntando-a com outras, ainda mais pesadas e de nomes não menos conhecidos. Com a mão direita agora livre, passou-a pelo cabelo, enquanto ganhava tempo e engolia em seco. Então disse: “É, era, mas você sabe, essa pressão toda, essa cobrança, sei lá, achei que era melhor dar um tempo.” Fiquei impaciente: “Mas o time precisa de você, você é a estrela. Tá todo mundo te esperando!”. Eu sei, eu sei...”, respondeu, meio cabisbaixo e desviando nervosamente o olhar. “Mas é que, não sei...”. E finalizou a conversa, assim, sem terminar nada, só dizendo que tinha que ir.

Olhei no relógio, faltavam 20 minutos pras quatro da tarde. Cinco e quarenta no Brasil. Parei o primeiro táxi que surgiu. Tinha que ir pra casa. O UOL prometera transmitir a final pela internet. E, realmente, não houve decepção, tudo correu direitinho. Ao menos lá com a transmissão. Em campo, antes que o desastre se consumasse, fui cercando o gramado com os olhos, procurando Kaká, na esperança que aquele rapaz do Soho fosse apenas uma miragem, uma ensolação, qualquer coisa assim. E por um momento pareceu isso mesmo, pois ele estava lá, com a camisa 10, me confundindo ainda mais. Logo, porém, percebi que era só seu corpo e não havia tido um delírio minutos atrás. O verdadeiro Kaká não tinha entrado em campo, estava fazendo compras numa tarde de primavera no Soho, aproveitando a súbita passagem do sol pela cidade. E o São Paulo, claro, acabou pagando a fatura. A próxima, e última partida, é sábado que vem. Daqui, até lá, teremos vôos diários para o Brasil. Todos sem escala. Espero que ele tenha mudado de idéia e embarque a tempo.

As compras na Ralph Lauren custaram caro aos são-paulinos.

posted by The guy behind a screen @ 7:29 AM |

  Thursday, March 13, 2003  

[ 90691821 ]
 

Agradecimento

Ficou confirmado ontem que este blog não foi para os Top3 do Ibest, como eu havia previsto anteriormente, tendo em vista as então estatísticas em andamento. O Saddan foi mais competente, pois até agora continua lá, “imexível”, e esse blog dá adeus a corrida maluca. Há algumas semanas atrás eu estava muito entusiasmado com a idéia de papar esse prêmio. Não pelo dinheiro, que o câmbio reduz a pó, além do destino que havia sugerido ter sido outro. Mas, confesso, queria faturar a taça pelos louros da glória. Secretamente, porém, explico, na esperança de que isso diminua a vaidade, que o púlpito teria o condão de, quem sabe, dar a alavancada necessária para que esse advogado aqui fosse, pouco a pouco, invertendo as posições e deixando a advocacia apenas como hobby.

Mas nas últimas semanas algo mudou. Percebi que, na verdade, embora o prêmio fosse um grande estímulo, o objetivo já havia sido atingido. Desde agosto do ano passado, quando comecei esse blog, por indicação do Freddy Bilik, um amigo que saiu do status de conhecido para o de fiel companheiro, além do apoio e incentivo da Fernanda, sempre presente e entusiástica, só tive alegrias. A primeira, foi o prazer de escrever, que nem sabia que tinha comigo. Preso entre petições, contratos e memorandos, não sabia que havia outro mundo lá fora. No Direito, há muito espaço para articulação, mas é a do tipo utilitária. É preciso se contorcer e se arrastar entre tecnicismos. Virgulas demais não são permitidas, interrogações não existem e intejeições são o sacrilégio que não admite fiança. Não é possível, pois, condimentar o texto com nenhum molho ou figura de estilo. Nem sequer uma pitada de reticências é possível. Proibido.

A segunda, foi a de recrutar velhos amigos. Pessoas que nunca mais havia ouvido falar acabaram descobrindo este espaço e pude então saber o que aconteceu com aqueles rapazes e meninas do colégio, hoje casados e decorados por filhos.

A terceira, e talvez melhor de todas, é que acabei descobrindo tanta gente bacana e interessante, tanta gente de bem, tantas almas sensíveis, tantas pessoas engajadas, combativas, dedicadas, emotivas, tantas pessoas preocupadas em deixar algum legado, tantas almas se contorcendo em perguntas e respostas, em busca de viver plenamente, de se expressar e contestar, que, sinceramente, hoje, eu, um solitário, já nem me sinto mais assim sozinho. Aos poucos e naturalmente, um círculo foi se formando. Um círculo de quase anônimas amizades que foram tomando forma de palavras e mensagens. E hoje posso dizer, com certeza e alegria, que sempre terei uma mesa de chopp aí por essa terra abençoada com uma cadeira pronta a ser oferecida, a ser compartilhada com gente que quero bem, e que me quer bem.

Escrever, no fim, acho que é, de alguma forma, também aprender a morrer.

Obrigado a todos leitores e votantes. E ao Fernando Bueno, pela ajuda toda de fazer esse negócio funcionar. O ano que vem está aí, com mais IBest. Se até o Palmeiras, Santos e Corinthians aguentaram firme na fila...ora bolas!

posted by The guy behind a screen @ 10:41 PM |

  Tuesday, March 11, 2003  

[ 90555608 ]
 



O Teste

Quando era menor, mais novo, tinha a idéia de que as namoradas e os amigos mereciam um rígido teste cultural antes de serem agregados ao rol das amizades, ou às relações de afeto. “Não conhece esse Diretor?” “Nunca ouviu falar desse filme?” “Como assim não leu esse livro?” Diante das respostas negativas, o menear da cabeça com ar de desprezo. Se tivesse feito o mesmo teste comigo, variando as perguntas, eu mesmo não teria passado, de tão rigoroso e pretensioso, o teste. Coisa de moleque besta. De uma chatice tão grande e de um esnobismo tão nonsense que só pode ser perdoado por ter ocorrido antes dos 20 anos de idade. Graças a Deus, essa fase já foi. Ou ao menos acho que se foi. Mas deixei de fazer bons amigos por conta disso e corro atrás até hoje dessas possíveis amizades, amizades que morreram sem se iniciar. Sempre acho, porém, que ainda há tempo.

Mas às vezes tenho vontade de reeditar o velho testezinho, com avaliação um pouco menos severa, adaptado ao meu novo estilo, agora mais crescidinho.

Foi assim que, quando li há algumas semanas atrás um mini e precioso texto estampado lá no blog do Rafael Lima, esse carioca que é um sofistificado observador da internet, sempre com olhar apurado, um comentário charmoso e de fina ironia, pensei que poderia pôr em prática a velha tática. Quando vi lá o texto que ele lá colou, o texto assinado pelo Bruno Garschagen, fiquei com vontade de imprimir, dobrar em quadradinhos e colocar na carteira. Quando encontrasse alguém especial, sacaria o texto do bolso, desdobrando-o como um origami e mostraria ao indivíduo, com a pergunta imediata: “Diga lá, o que acha disso?” Qualquer resposta que não seguisse um sorriso macio de encanto com um adjetivo emendado de enaltecimento, teria nota de reprovação imediata e o indivíduo estaria condenado às trocas de superficiais cordialidades. Pois eis o texto, uma pérola do mundo blog:

Não li os clássicos, nem os essenciais, nem os medianos, nem os necessários. Nunca ouvi as aveludadas vozes do jazz nem os cantos celestiais da música erudita. Sou um pésssimo decorador de frases e pensamentos soltos. Tenho graves dificuldades para a argumentação filosófica. Mas será preciso tudo isso para descobrir os prazeres de ser educado; de saber acariciar um corpo feminino; de gargalhar insanamente com pessoas amigas; de ter a certeza de que o uísque pode levar ao melhor dos mundos?”

O comentário final do Rafael também viria impresso: “E o Bruno ainda vem com aquela audácia de assinar o blog”.

Não sei quem é mais chic.

posted by The guy behind a screen @ 8:17 PM |

  Monday, March 10, 2003  

[ 90504910 ]
 



A Guerra, Infelizmente (II)

Se vocês estivessem por aqui nesta terra, se lessem os jornais locais, se ouvissem as televisões regionais, se sintonizassem as rádios tocando raps e pops estúpidos, e no meio de tudo isso escutassem as palavras de Bush, soltas e desengonçadas, não só aquelas no teleprompter, em cadeia nacional, mas ouvissem também as entrevistas coletivas, as risadas sarcásticas, a arrogância em cada resposta, o olhar pretensioso, a obsessão messiânica, a falta de cortesia, a escassez de raciocínio, o argumento tosco, a resposta pronta e repetida, se ouvissem tudo isso, dia após dia, pela manhã, à tarde e também no fim da noite, e, de quebra, vissem também a desfaçatez das cadeias de televisão, que ignoram solenemente a voz das ruas, locais e estrangeiras, como não houvesse senão um grito, aquela voz berrante da Casa Branca, estariam, como estou agora, bem p. da vida.

Enquanto pessoas debatem, contestam, duvidam, questionam-se, interrogam-se, reticentemente, sobre se vale ou não a pena ir a essa guerra, essa corja que é a administração Bush não descansa em seu rolo compressor. Ameaça atores, jornalistas, sugere represálias por meio de eufemismos, manda recados, sonega informações, distorce dados, aumenta fatos, fabrica números e, às vezes, como um réquiem operístico, esqueçe qualquer nesga de formalidade e mete gente na cadeia mesmo, aqueles sem voz ativa e passaporte vencido. Na imprensa, a vergonha é quase total. Até o New York Times, com receio de perder os furos e informantes internos, manera nas críticas ao Grande Chefe. A CNN, CBS e toda a porcaria do fast food jornalístico gasta horas e mais horas trazendo analistas pró-Bush no horário das 8. A cada uma hora, uma reportagem sobre o Smith, o Henry, o Larry, ou qualquer outro menino-soldado, legitimamente ansioso em cumprir seu trabalho. Vez ou outra, enfiam de improviso uma tímida voz opositora dessa guerra, pra fingir que se faz o jogo do equilíbrio.

Até agora, até hoje, até a véspera da guerra, não ouvi uma voz, um retumbante barítono lá de trás que viesse rasgando entre a platéia e denunciasse a farsa da peça. Uma ou outra garganta mais ou menos afiada vaia vez ou outra lá do fundo. Mas é chamado solenemente a permanecer em silêncio, com a anuência inercial dos descontentes. Com exceção de Paul Krugman e meia dúzia de jornalistas espalhados entre a The Nation, The New Republic, The New Yorker, Harper´s e The Atlantic, gente que vem a público, sem pruridos, acusar esse governo que está aí, de canalha e mentiroso, há um silêncio geral na imprensa. Não há quem diga com todas as letras quem é essa turminha de Bush, gentinha como John Ashroft, Donald Rumsfeld, Richard Perle e Dick Cheney.

O problema de toda essa guerra não é a guerra em si, nem tampouco um ditadorzinho de araque a ser chutado na latrina da história. O que mais assusta é a precariedade de justificativas. Também nem são as justificativas em si, que poderiam até ser muitas. O problema é como foi feita a escolha dessas justificativas, o critério determinador e a forma que tem sido sido conduzida. Não há sequer um membro desse governo que venha a público, com clareza de raciocínio, articulação e retórica, palavras educadas, argumentos consistentes, dizer, enfim, que é preciso levar isso a cabo. Não há preocupação em legitimar esses atos de forma definitiva, nem sequer formalmente. A obsessão de aprovar essa nova Resolução da ONU virou quase uma piada. As consequências dessa ausência de elaboração de idéias, são as piores possíveis. Pra dar um mal exemplo, mas ilustrativo, é como combater a candidatura Lula dizendo que este não teve educação formal, é nordestino, fala errado e não tinha compostura estética. Todo o debate é empobrecido e as reais questões de sua eventual incapacidade não são atacadas, restando o preconceito rasteiro e vulgar da apelação popular.

Esta guerra que vem por aí é isto. Bush conseguiu arregimentar, entre seus seguidores, o que é de mais tacanho nas consciências americanas. Juntou o pior da América. Fez um apelo pobre do ponto de vista religioso, usou a lógica mentirosa e fajuta do link com o terrorismo. Fomentou o ódio vulgar ao seus opositores. Estabeleceu a dicotomia maniqueísta própria dos piores radicais. Juntou Deus, Diabo, patriotismo, populismo, amor e ódio, tudo no mesmo pacote embrulhado. Enfim, foi buscar nos confins da América, entre os conservadores do Nebrasca, os racistas de Minessota, os protestantes da Pensilvania, os judeus ortodoxos de Nova York, todo o apoio pra sua empreitada. Não se esforçou sequer em se mostrar inteligente. Um lamento. Um lamento para o mundo e para todo mundo. Mas sobretudo para o povo americano. Um povo que merecia, e já teve, gente de muito melhor estirpe.

posted by The guy behind a screen @ 10:14 PM |

  Saturday, March 08, 2003  

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Aviso: este blog está em reconstrução. Como o tal do Ground Zero, está ainda trabalhando as fundações. Já tem projeto escolhido, mas ainda continua no maternal. Ignorem, portanto, essas seções aí como Wish List e Leituras Recomendadas. Estou trabalhando nisso. Também não dêem muita bola para os Textos Publicados e Melhores Sites, este último total e vergonhosamente defasado. O Fernando Bueno prometeu me ajudar, quando sobrar um tempinho lá na firma DoutroMundo. Tomara que seja mais rápido que a reconstrução do Ground Zero. Aqui, não houve concorrência pública.

posted by The guy behind a screen @ 7:11 PM |

  Thursday, March 06, 2003  

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Manhattenses

Manhattan, pra quem não sabe, é uma ilha. Costumam chamá-la também de Nova York, mas tecnicamente não é. Confunde-se a parte com o todo, pois que Nova York compreende a ilha de Manhattan, mas abarca também o Brooklin, tem espaço para o Queens e, claro, curva-se diante do temido Bronx, todos esses fora da ilha. O novaiorquino típico gosta de falar que não é de Nova York, mas sim de Manhattan e que o resto é a turma do “B & T” (bridge and tunnel; ponte e túnel), numa “deferência” aos moços e moças que cruzam diariamente as pontes e túneis em busca de pão e diversão em Manhattan. Mas dentro desta ilhota há também outras divisões, pautadas pelo alinhamento geográfico e muito reveladoras da personalidade novaiorquina.

Politicamente falando, por exemplo, quanto mais ao norte se anda, precisamente do lado leste (“upper east side”), mais republicana a cidade fica. No Brasil, a palavra “republicano” significa “neo-liberal” ou “de direita”, ou qualquer outro nome que o PT escolha para os seus adversários, dependendo da eleição. É aí, pois, que os pró-Bush se reproduzem, comem e tiram cochilo no fim da tarde. É a casta judia e protestante da cidade. Quanto mais ao sul, mais multi étnica a cidade fica, mais permissiva e mais Democrata também. E “Democrata” aqui siginfica PT, PSDB e toda turma do centro-esquerda no Brasil, além de gente como João Mellão Neto e amigos. Em minha modesta opinião, os verdadeiros novaiorquinos, ou seja, os americanos que menos retratam a caricatura americana, aqueles que sabem que Buenos Aires não é a capital do Brasil, os caras mais open-minded, os que apóiam a união gay e fumam marijuana nos fim-de-semana, moram ao sul da ilha. Há exceções, evidentemente, e nem é preciso falar disso, pois na regra a exceção vem contida. Mas no geral é isso que ocorre.

Como nossas escolhas políticas são extremamente reveladoras de nossa personalidade, as atitudes também mudam. Mulheres do upper east side por exemplo não são as mesmas que as de downtown, o sul da ilha. Lá pra baixo, há menos maquiagem e um pouco mais de rebolado. O tom de voz é mais melódico, o olhar menos disperso e, se bobear, ela até te paga um drink, antes mesmo de você oferecer algo em troca. Lá ao sul, cabelos soltos são bem vindos, saias jeans são aceitas e ausência de soutien é permitida.

Tudo bem diferente da turma do norte. A moça do upper east side é logo descoberta, mesmo que esteja em um lounge lá embaixo, em downtown. De longe, sentadas no bar, já se percebe. Uma conversa rasteira prova que o seu pré-conceito em relação a elas (separado mesmo) é, na verdade, um conceito muito bem acabado. A mulher do norte da ilha usa expressões clássicas. Vale-se de frases soltas de interjeição, usadas como muletas semânticas pra enganar o intelecutor, que pode achar que são legítimas e espontâneas formas de emoção. Geralmente vêm em frases como: “You did?”, “You´re kidding!”, “Really?” e, a mais cobiçada delas: “Amazing!!!” (expressando admiração). Além disso, fazem repetidos movimentos laterais com a mão, dando rápidas paradinhas no ar, em perfeita consonância com as frases dispersas. Sob o aspecto visual, o clássico e previsível carregar na maquiagem, o uso do botox às baciadas, o silicone a tiracolo e o hábito religioso da malhação diária na academia.

Às vezes, porém, tudo isso pode lhe enganar. Pode ser uma moça de downtown, passando-se por menina do uper east side, louca pra fisgar um desavisado. É preciso, portanto, recorrer ao teste definitivo, já que o conhecimento do eleitorado é imprescindível nessas horas. Por isso, faça o teste decisivo: olhe nos olhos da gringa. Se a expressão for gélida e os olhos forem como o olhar de um tubarão, congelado e sem expressão, você meu amigo, está com uma legítima novaiorquina do upper east side. Sem alma ou bossa. No doubt about that. Tem então duas alternativas. Diga que vai ao banheiro e pegue o táxi na esquina, sem dores ou remorsos, ou, peça mais um drink que elas tomam, um cosmopolitan, e aceite as circustâncias, adicionando a noite ao rol das experiências antropológicas e curriculares. A segunda escolha terá consequências. Apesar de formalmente em companhia, você, meu velho, está na mais séria de todas as solidões: a solidão acompanhada. Capriche no drink, a noite será longa.

posted by The guy behind a screen @ 9:09 PM |

  Saturday, March 01, 2003  

[ 90394135 ]
 

Miamenses I

De passagem aqui por Miami passo horas e mais horas entrando e saindo de carros, nesta cidade que lembra São Paulo pela vida automotiva, o Rio pela Babilônia à beira-mar e nenhum outra, nenhuma outra cidade, pela falta de alma no ar.

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A cada quilômetro que se anda – e acreditem, os quilômetros são infinitos – há um campo de golfe, bonito e bem cuidado, para um monte de gente sem fazer nada dar suas tacadas. Tudo indica que há mais campos de golfe por aqui que campinhos de futebol no interior do Brasil. Naturalmente, o lugar acaba atraindo quem já está em negociação com o paraíso divino. E por todo lugar que se olhe vemos velhinhos de pele avermelhada, camisas coloridas, bermudas folgadas e mocassim com meia de qualquer cor.

O sonho americano é terminar a vida assim, mansamente, antecipando o éden num campo de golfe da Flórida, em temperatura amena e constante.

E como as economias de uma vida foram rechonchudas, há também infinitos prédios de luxo que circundam os campos de golfe, como se tivessem um Central Park à disposição na sacada. Fico imaginando o perigo de uma tacada errada alcançar uma dessas varandas no fim da tarde e antecipar toda a negociação dos velhinhos com o Homem lá de cima. A semelhança com o Rio se estreitaria um pouco mais. “Morto por uma bola perdida”.

posted by The guy behind a screen @ 3:42 PM |

   

[ 90392281 ]
 

E que vença a...



melhor!

E quem disse que não há justiça no Brasil? Pois a moça aí acima, de nome Simone Tavares, acaba de ganhar o concurso Paparazzo da www.globo.com. Eu achei suuuuuper justo. Você não achou?

posted by The guy behind a screen @ 12:55 AM |

segredos da nossa
Língua Portuguesa
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