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  Thursday, February 27, 2003  

[ 90384412 ]
 

E que vença o...



pior!

Acostumem-se, essa coisa insossa aí, lá ao fundo, de autoria de um senhor chamado Liebeskind, fará parte da paisagem novaiorquina em breve. Como sempre, no final o que conta é o tal do money...ou, em versão brasileira: "Manda quem pode. E obedece quem tem juízo."

posted by The guy behind a screen @ 9:47 AM |

  Tuesday, February 25, 2003  

[ 90376628 ]
 

Esportivas

Há poucas experiências esportivas mais fascinantes do que correr a noite no Central Park, sob uma tempestade de neve. E não é só o resultado final que conta, lá já no parque. É o processo de acesso.

No caminho, pela 5a avenida, vejo mulheres elegantes saindo de lojas ainda mais elegantes, protegidas sob longos capotes de preços impublicáveis. Um lance de perna aparece, entre passos apressados na fuga da neve. Mulheres de perfeição tão rara de ver que até em propagandas são ocasionais. Geralmente surgem, celestiais e inatingíveis, em aveludados sorrisos, vendendo anel de brilhante.

Mulheres assim, de tal elegância, só podem ser forjadas abaixo de zero. E num capitalismo no último dígito...

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Sempre tive curiosidade, sincera curiosidade, por esse negócio de nutrição. Essa coisa de carbohidratos, proteínas, essa coisa toda. Minha curiosidade nunca foi além de projeto a ser implementado, junto com estudar alemão e tocar trompete. Mas, no caso em questão, por puro receio não saiu das intenções. Achei que se aprendesse um pouco a respeito ia começar a me policiar, evitando coisas como pizzas aos domingos à noite com os amigos, ou ovos com bacon no café da manhã com a namorada, além, é claro, do pior das privações, a cerveja ao cair da tarde com todo mundo. Por precaução, nunca li nada sério sobre o assunto, evitando até reportagens da Veja.

Às vezes, a opção pela ignorância é a melhor medida. Além de espiritualmente mais saudável.

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Esse fim de semana tomei um porre com amigos por toda a downtown novaiorquina. Comecei no West Village, com inofensivas cervejinhas. Fui pra Tribeca, passando pro whisky. Desviei pro Soho, mas mantive a linha, continuando no whisky. Acabei em Meat-Pack District, com menos compostura, nadando entre prossecos. No dia seguinte, tive uma dor de cabeça terrível e acabei recorrendo ao tal de Advil, essa belezura de alopático que há meses não tomava. A sensação, porém, é que essa história de correr a Maratona tá me deixando fraco com as bebidas. Fiquei preocupado, achando que poderia perder o gosto pela coisa. Pelo bem da minha saúde, tomei então uma decisão radical. Sem volta e nem arrependimentos. Daqui um mês, juro que paro com tudo. Nunca mais corro na vida!

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Vocês pensam que vão se mandar pro carnaval, sassaricando entre pedras de gelo no copo e olhares de esgueio, e eu ficar por aqui, entre flocos de neve na cabeça e olho colado no computador? Nãnaninanão!!! Tô me mandando pra Miami agora à noite. Volto na segunda. Se é verdade que o samba tem som de merengue e o rebolado é de silicone, pelo menos a temperatura empata, me levando pro tie-break. Antes, porém, um aviso:

VOTEM NO AMARARRRRRRRRRRR!!! (a votação acaba hoje à meia noite!)

posted by The guy behind a screen @ 9:37 PM |

  Monday, February 24, 2003  

[ 90367501 ]
 



A Guerra, Infelizmente (I)

O novo mainstream

Tenho ouvido e lido, de gente muito inteligente e articulada, palavras e textos bem pensados, raciocínios elaborados, fina ironia e elegantes silogismos, tudo em favor da guerra que vem por aí. Há também, dentre todos esses refinados pensamentos, uma tendência a jogar pro lado de lá, entre os “burros” do mundo, a defesa da não-guerra. Fico pensando, depois de ler tudo isso, como o tal do “politicamente incorreto”, essa corrente que nasceu como uma legítima reação às bobagens e modimos políticos e sociais, acabou por virar lugar comum, repetindo, à inversa, as mesmas leviandades que, em tese, nasceu pra combater. Faz parte do mainstream agora, assim como o “politicamente correto” dava o tom dos anos 90. Não tenho vergonha, porém, de passar pro outro lado, assumindo essa minha condição de “politicamente correto” ou, se preferirem, dentre os “burros” do mundo.

Ouvindo ontem à tarde um programa de rádio em Nova York (“Jonathan Schwartz – The Sunday Show”), o narrador, com imprevisíveis comentários, sempre curiosos e pessoais, disse, entre um Frank Sinatra e outro, que gostava muito de abacate, o fruto, mas que cada vez mais tinha dificuldade em comer um bom abacate em Nova York. Todos sem sabor nem consistência, dizia ele. Os culpados seriam os plantadores californianos, que estariam “forçando” os abacateiros a fazerem algo que não queriam fazer, ao menos por este momento. Ou seja, não era a hora de os abacatinhos virem ao mundo.

Cada vez que vejo Bush na TV e as notícias todas sobre essa guerra sobre o Iraque, tenho essa impressão de alguém indo além do limite do razoável. Há qualquer coisa lá que não soa bem. Mas não me parecia que a imagem do cowboy texano, dando esporadas e golpes de chicote na opinião mundial, era o portrait mais adequado. Jonathan Schwartz, sem querer, me deu agora a charge perfeita. Na verdade, o estilo Bush, de alterar o curso natural das coisas, criando partos prematuros e riscos de deformação, é mais parecido com um plantador de abacate californiano, não com o cowboy texano.

A Guerra em si

Há poucas chances de que esta guerra dos EUA contra o Iraque seja evitada. Pode ser que o seu início seja adiado, por algumas semanas a mais talvez, mas é praticamente impossível que não ocorra. É uma pena.

Não sou um pacifista nem tampouco um defensor moral da paz a qualquer preço. Sigo a cartilha dos moderados, segundo a qual, às vezes, em nome dessa própria paz, é preciso declarar guerra, da mesma maneira que em nome da democracia, é preciso proibir os atos que são contrários e ameaçadores ao sistema democrático. Por pura perspectiva utilitária, damos um murro na mesa.

Reconheço, porém, que a declaração de guerra é sempre um fracasso humano. É uma constatação de que houve uma incompetência, entre ambas as partes, de encontrar uma forma menos traumática de superar um desentendimento.

Há gente, mais revolucionária, que vê na guerra algo romântico e encantador, uma manifestação necessária de tempos em tempos, enobrecedora do espírito humano, criadora e formadora de caráteres que só a experiência da dor pode trazer. São, portanto, justificáveis, as guerras. De fato, como não se encantar com aquela cena do Gen. Patton, interpretado por George C. Scott, em que no “day after” da batalha, suspira, em excitação e mea culpa: “God help me, I do love it so”. Ou como negar os laços de amizade, honra, respeito e patriotismo que a guerra, por definição, aporta a uma nação? Não há charme em reformas, mas há muita “adrenalina” nas revoluções. Não é sem razão que líderes como Che Guevara continua um ícone juvenil, estampado pelo mundo afora em baratas camisetas de fundo verde musgo. E a revolução francesa é um best seller muito mais vendável do que a sua prima Inglesa, que merece somente breve comentário nas aulinhas de história.

Mas me parece que a idéia de guerra, na acepção romântica de outrora, já faz parte do passado, não? Guerras atualmente, em escala mundial, são cirúrgicas e digitalizadas. Não tem mais espaço para o apelo dos velhos clichês de honradez e heroísmo. É difícil, portanto, atualmente, justificar as guerras pelo seu viés romântico, pelo seu componente de formador e enobrecedor de caráter. Em tempos de ataques aéreos em pedal eletrônico, é pouco provável que o dilema entre a escolha entre o heroísmo e a covardia seja forjado no tabuleiro do computador. Não há mais trincheiras e corpos na lama que permitam os olhos nos olhos.

O outro comum argumento recorrente em nome da guerra são os laços de nacionalismo e estreitamento social de uma nação, que só o conflito com o inimigo comum proporciona. O senso comunitário e as costuras sociais seriam apertadas até o último nó, dizem, com ganhos e benefícios futuros. Há aí uma distorção. União nacional, nacionalismo, é premissa, não resultado. Pode ocorrer inversamente, é verdade, mas é efeito colateral e, no mais das vezes, a dose do remédio mata antes de eventual benefício. O nacionalismo sempre nasce como a catapulta necessária, o instrumento de fácil manejo, a serviço dos governos ou dos grupos para-militares, pra dar o pontapé unificador e fazer o chuverinho na área. É sempre apelo rasteiro e vulgarizado dos laços comuns, da mesma etnia, dos tipos cruzados de sangue. Todo mundo conhece o truque e há centenas de exemplos históricos. Não preciso citar nenhum.

O Iraque, uma história diferente

Ainda que transpuséssemos os obstáculos acima, o que permitiria ver a guerra, digamos, de uma forma mais nobre, ainda assim fica difícil justificar essa guerra no Iraque. A razão é que aqui falta tudo. Não há “romantismo” envolvido, não há coesão social entre os americanos, não há sequer claros objetivos definidos. Do ponto de vista lógico, é falho. Do lado estratégico, não emplaca. Sob o aspecto moral, é manco. O problema maior desse potencial conflito não é nem sequer se os “fins justificam os meios”. Nem se Bush é o demônio reencarnado. Tampouco se os EUA são uma real ameaça à paz na terra. O problema aqui, que salta aos olhos, é que sequer os fins foram justificados, quanto mais os meios. Não houve até agora nenhum sério debate a respeito do real objetivo disto tudo.

Enganam-se, pois, quem acha que as manifestações anti-guerra nos EUA são fruto de uma cândida massa de pacifistas, sempre dispostas a evitar a guerra, em qualquer circunstância, por simples opção moral. Equivocam-se os que acham que há nesses movimentos um rescaldo dos anti-globalizantes, do movimento verde, ou de qualquer outro surreal manifestação anti-capitalista. O que está ocorrendo nesse país e pelo mundo afora, não é somente um ato anti-americano, ou anti-Bush, ou anti-McDonalds, ou, ainda, uma tentativa de velhas potências européias em defender o seu prestígio esmaecido, ou seus regionais interesses comerciais envolvidos nesse conflito. O problema é que, como os abacateiros da califórnia, este é um parto prematuro e deformado. E as consequências aqui são um pouco piores do que abacates sem sabor e consistência. Há indicativos, claros e inequívocos, de que as variantes do tempo ainda não tornaram essa discussão suficiente madura e acabada. Anda tudo muito verde pela América. E as pessoas sabem disso.

Não é, pois, difícil imaginar que os malefícios e consequências de uma safra apressada seriam desastrosos. Antes que se esqueça: há muitas vidas em jogo também.

E a vida humana, iraquiana, ou qualquer que seja, não pode ser relegada apenas como uma bandeira de apelo fácil e piegas, pertencente a pacifistas “alienados”. Aos “politicamente incorretos” de plantão: às vezes é preciso se preocupar um pouco menos com estilo e o formato, e aderir de vez às roupagens populares.

Se ainda assim lhe parecer repugnante demais sucumbir aos apelos do baixo clero e o grito nostálgico da guerra bater mais forte, lembre-se de que não precisamos de uma guerra pra vivermos toda a experiência humana. A vida, por si só, nos trará surpresas suficientes em nossos universos particulares, dores infinitas e silenciosas, e também emoções sem fim.

Sinceramente, não precisamos de uma guerra pra descobrir isso.

posted by The guy behind a screen @ 9:21 AM |

  Thursday, February 20, 2003  

[ 90353097 ]
 

ATENÇÃO, ATENÇÃO!!

Faltam só 6 dias pra terminar a votação do IBest. Pelas últimas contas, Amarar está mais ou menos com as mesmas chances de Saddan de evitar a guerra.

Ajude o Amarar a reverter esse quadro. Entre nessa campanha:

"Diga não à guerra e sim ao Amarar".

E, de quebra, concorra a um carro francês "Citroem X-Saara", um legítimo anti-Bush. Corra na bolinha dourada ao lado!!

Antes que seja tarde...

posted by The guy behind a screen @ 9:14 PM |

  Wednesday, February 19, 2003  

[ 90344045 ]
 

A América volta a ser a América
(Bush imita Collor e chama o povo às ruas. Contra ele mesmo)


Sempre ouvi dizer, desde a época em que ouvia Thriller, do Michael Jackson, que os EUA eram uma nação decadente, sem valores, a beira de um colapso moral. E os comentários vinham de colegas brasileiros. Isso mesmo, nós, brasileiros, no auge da sacanagem dos anos 80 no Brasil, em que o bacana “era levar vantagem em tudo”. Não só pela fonte em si, mas pelo próprio objeto da crítica, nunca comprei essa história, que mais parecia a raspa de um discurso pouco elaborado da esquerda nacional, recalcada e magoada com si mesma.

Há quase 2 anos vivendo em Nova York, noto que há uma certa verdade nisso tudo que se dizia dos EUA há 20, 30 anos atrás. Embora não esteja certo de se à época a crítica procedia. E muito menos da legitimidade de seus críticos. Michael Jackson, porém, decaiu. E muito.

A verdade, contudo, é que algo se perdeu na América. O caminho em busca do sucesso foi tão obsessivo e custoso, que foi preciso deixar algumas idiossincrasias de lado, na expectativa que era possível pegar o guarda-chuva da moralidade mais tarde, lá na frente. O boom econômico pelo qual passou os EUA nos anos 90 fez então esquecer até mesmo que havia um guarda-chuva. Nem se acreditava mais em chuva. Tudo era um céu azul e límpido de prosperidade.

Mas, ironia do destino, foi nesse mesmo céu azul de brigadeiro que aquela manhã de 11 de setembro ocorreu. E, na verdade, nuvens já haviam se formado anteriormente, com a bolha que se explodiu na internet. Tudo após é história conhecida. Escândalos corporativos viraram lugar comum como nossos tupiniquins escândalos políticos pré FHC. Mas, a queda foi se acentuando. E como em toda queda séria, veio o coice. A patada foi em forma moral, mas ainda não tinha deixado cicatrizes profundas. Embora houvesse, aqui e ali, sussuros entre os americanos, perguntando-se se as escolhas foram as certas, se os rumos estavam corretos, se o mapa não tinha falhas, havia uma certa inércia presente em toda a sociedade.

O debate político, por exemplo, tinha virado uma pasteurização ideológica tão grande, que o máximo de diferença entre Democratas e Republicanos era a questão de se cortar ou não impostos. Esse era o grande debate.

Faltava algo mais, portanto.

Mas eis que, de repente, algo ocorreu. Como sempre, foi preciso algo extremo pra chacoalhar a passividade dos cidadãos, que aqui, ao contrário do que comumente se pensa, também existe. Como em 91, quando assistíamos, perplexos, às barbaridades do Collor sem fazermos nada, foi preciso que o próprio verdugo, ele mesmo, o Collor, criasse uma oposição que começasse a falar. E chamasse o povo pras ruas.

Aqui não foi e não tem sido diferente. Foi preciso que o próprio Bush provocasse o debate anti-Bush. De fato, o presidente americano trouxe à tona tão grotescamente o tema da guerra, de forma tão arrogante, tão indelicada, tão insensitivamente, que o americano médio, que normalmente apóia qualquer ação militar em nome da pátria, começou a se questionar.

E então, debates caseiros, entre pais e filhos, foram tomando os intervalos nos escritórios, correndo pros bares e misturando-se na cerveja, se espalhando nos cafés, nas pausas dos cookies, se acumulando nas esquinas junto com a neve que não pára. E nos metrôs, nas esperas de ônibus, o assunto foi parar entre os best-sellers, superando até mesmo as conversas sobre o tempo nos elevadores.

Em poucas semanas, o que se vê por aqui é um renascer da velha América, aquela que estava adormecida entre o excitamento de ações em disparada das empresas “ponto.com”. Os EUA que aprendemos a admirar por enfrentar seus problemas, aqueles EUA que vomitam o intestino de seus conflitos, de suas discordâncias, publicamente, parece estar de volta.

Foi assim que em um sábado gelado de inverno, milhares de pessoas saíram às ruas dizendo não à Guerra. Famílias inteiras marcharam em protesto. Crianças e cachorros acompanharam. De repente, do nada, um debate moral se instalou. Um debate ideológico veio a tona, contra toda a corrente que dizia que a história tinha acabado.

Como em 91 com nossa marcha anti-Collor, Bush polarizou o bem e o mal e fez nascer entre os cidadãos a pergunta de que, afinal, se existe o tal do bem e o mal, é preciso questioná-lo. E é preciso lutar pelo bem.

Hoje é dia de feriado nacional por aqui, o “Presidents´ Day”, que começou anos atrás com uma homenagem ao presidente Lincoln. Coincidentemente ou não, uma tempestade de neve trancou todo mundo em suas casas nesta segunda-feira. Se quiser simplificar, há duas formas de ver isso. Para Bush, com certeza, a tempestade é obra do mal, e Saddan já deve estar sendo culpado por isso. Mas há, de outro lado, aqueles que vêem isso como um sopro de Lincoln, avisando que é tempo de ficar em casa e refletir.

Nas próximas semanas a resposta virá. Resta saber, porém, qual a resposta que emergirá entre os metros de neve nas ruas. Fica também a pergunta de quem limpará toda a sujeira. Além, é claro, de quem pagará a conta...

posted by The guy behind a screen @ 7:56 AM |

  Monday, February 17, 2003  

[ 90336108 ]
 



West Broadway, Soho, New York, 4 da tarde. Dias de tempestade na América...

posted by The guy behind a screen @ 2:45 PM |

  Sunday, February 16, 2003  

[ 90331574 ]
 

Precisa dizer algo mais?

posted by The guy behind a screen @ 1:56 PM |

  Saturday, February 15, 2003  

[ 90329107 ]
 



Hoje, exatamente hoje, falta uma semana pro arranca-asfalto paulistano. A banda do Gueri-Gueri desfila nas ruas de São Paulo no sábado que vem. Feliz de quem pode ir e se divertir, ralando coxas e usando antídoto de luxo contra o sol escaldante, em intermináveis cervejas geladas. Vou ficar aqui e fazer de conta que nada acontece. Por favor, me mantenham na doce felicidade dos ignorantes. Não me mandem fotos da festa...

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Cumpri o dever cívico local, numa gelada tarde de sábado (-6o C) e fui me juntar a mais de 200 mil pessoas em protesto contra a guerra que se aproxima. Como, contudo, já estou muito adaptado aos hábitos locais, finda a passeata fui fazer umas comprinhas na Nike Town, a Disneilândia dos esportistas, os verdadeiros e os de cartão de crédito. Civilismo, aqui, rima com consumismo. Não há nada mais americano.

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Você é daqueles que, como eu, vive se culpando pela pilha de jornais por serem lidos no canto do quarto? O New York Times veio com a solução pra sua culpa. Por US$ 0,65 (em vez dos R$ 10,00 na Banca Europa em SP) você compra o exemplar do jornal do dia, exatamente como é impresso, em forma eletrônica. Além de não sujar as mãos, o jornal não se acumula ali a sua vista, te olhando inquisitoriamente a cada dia que é deixado de lado. É o “me engana que eu gosto” das letras. Ficamos somente com a sujeira virtual, debaixo do carpete eletrônico. Qualquer coisa, é só desligar o computador.
Experimentem.

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Bush disse que dorme como um bebê. Colin Powell retrucou, dizendo que dorme como um bebê tambem, só que acorda dando berros a cada 2 horas.

Na observação poético-filosófica de William Yeats: “The best lack all conviction, while the worst are full of passionate intensity.” (Aos melhores, falta convicção. Aos piores, sobra intensidade passional).

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Fredinho, cada vez melhor, veio com esse criativo, engraçado e hiper bem escrito artigo sobre o Don Juan moderno. Confira.

posted by The guy behind a screen @ 6:47 PM |

  Thursday, February 13, 2003  

[ 90321887 ]
 

High Alert
(ou, Maquiavel às Avessas)

Abro o New York Times e leio que o governo americano (que corretamente eles chamam de Admnistration e não de Government, já que government são todos os Três Poderes) informa ao país que seus cidadãos devem ficar em high alert diante da ameaça terrorista. Veja, não é só em alerta. É em high alert! Romário na área. Alerta máximo, protege o gol! Ligo a CNN e há lá, no canto esquerdo do vídeo, um bonito logozinho pra você não se esquecer, enquanto frita os ovos e adiciona o bacon, que o país está em High Alert, em posição de alarme.

É importante frisar que não é só às forças armadas que o governo Bush pede atenção total. Não é somente também à CIA, ao FBI ou às milícias estaduais. Não é tampouco apenas aos secretários de Estado, aos homens do Congresso, aos juízes e promotores. Não. O presidente, em entrevista coletiva, pede, implora, quer de qualquer jeito, que o cidadão comum, esse que come pizza no almoço e vê Friends na TV, esse cidadão que masca chiclé e fuma escondido, que diz I love You em lugar de goodbye, este sujeito com sobrenome Smith, Larry ou Schwartz deve, a partir de agora, ficar em alerta. High alert.

Fico pensando, já que me proponho ser um educado estrangeiro vivendo em terra alienígena, como posso contribuir pra ficar em High Alert e, assim, ajudar ao meu país hospedeiro a evitar as mazelas terroristas. Como, contudo, sou apenas um cidadão comum, contribuo na medida do possível.

Então, hoje por exemplo, resolvi exercitar os conselhos do presidente.

Estava nevando bastante de manhã. Como eu estava já em high alert, tomo muito mais cuidado que de hábito pra atravessar a rua e não escorregar na esquina. Um motorista-terrorista não teria perdão em passar por cima. Dou lentos e medidos passos de alerta. Logo depois, já indo ao trabalho, enquanto esperava o metrô, dei 2 discretos passinhos pra trás da faixa limite, afinal, o alerta é máximo e o risco de um terrorista na retaguarda não deve ser descartado.

No trabalho, não abri emails de quem não conhecia. Me mantive alerta. Telefonemas de gente com nome estrangeiro, nem pensar! Estou em alerta! Correspondências da ConEdison, a companhia de eletricidade americana, me chamando pra pagar a continha? Pode ser um truque. Anthrax no correio. Melhor não, vou esperar passar o estado de high alert.

Vou marcando pontinhas de cidadania durante o transcorrer do dia, em estado de alerta total, numa grande união nacional para o “alertismo”, essa nova corrente da moda lançada por Bush, o filho.

Me vem então à memória, sem descuidar do meu constante estado de alerta, aquelas aulinhas de história, quando me contaram que os Medici, entre outros ensinamentos recebidos, aprendiam com Maquiavel, o Condoleezza Rice da época, que era preciso lançar ao povo a notícia de que o pão subiria 300%, quando o percentual desejado era somente 100%. O boato virava realidade descontada e, então, havia um regozijo geral entre a plebe. E o objetivo estava alcançado.

Incapazes de saber onde, quando e em que proporção um possível ataque terrorista poderá ocorre em solo americano, a incompetente Administração Bush solta seus gritos de alerta. A diferença com o truquezinho maquiavélico e sua deturpada versão moderna em forma texana é que lá o resultado escondia um desejo planejado, as garras de uma aristocracia pronta pra arrancar um maior pedaço da torta. Aqui, é jogo na defesa. Não passa de uma patética maneira de uma perturbada e desinformada administração se proteger de uma opinião pública reticente e desconfiada. Em caso de dar tudo errado, o dedo apontador e acusatário, agora covardemente no ataque: “A gente bem que avisou, não avisou?”

Decididamente, com Bush só ficando em alerta. High alert...

P.S.: publiquei esse artigo ontem no site da Revista Trip, do qual passo a partir de agora a contribuir semanalmente.

posted by The guy behind a screen @ 10:10 PM |

  Wednesday, February 12, 2003  

[ 90316613 ]
 

Aviso aos Navegantes

Depois de horas e horas na madrugada e inevitáveis olheiras na manhã seguinte, acabou saindo o novo visual aí, fruto de um desejo pessoal de há tempos deste que vos escreve. A verdade é que já não ia mais com a cara do antigo layout, ainda que tenha sido o que mais me chamou a atenção desde a primeira vez que o vi. Mas sempre foi um prêt-a-porter, uma peça disponível a qualquer consumidor, com sobras na manga e cintura apertada. Precisava de algo mais pessoal, um corte de alfaiate, com tamanho certo no colarinho. Mas por que tanta preocupação visual, dirão alguns, se o negócio aqui é a escrita?

Escrever, ainda que de forma amadora, não é só um exercício expressivo que ajuda a descarregar nossas angústias e esclarecer nossos confusos pensamentos, que ficam vagando desordenados durante os intervalos no nosso dia a dia. Escrever, além dessa função utilitária, é também um desejo estético. É um capricho da alma em querer arrumar a casa sim, mas é também um desejo secreto de pendurar o quadro e pôr flores na sala.

Mas, como a minha língua é a portuguesa, só sei dar bom dia, boa noite e pedir comida em “templates”, essa cochichada língua nos bastidores da internet. Felizmente, porém, tem gente que fala. E fala muito bem, além de escrever e ler com fluência. Gente como Fernando Bueno, o homem “doutro mundo”, esse mundo de signos e asteriscos.

Fica aqui, pois, meu agradecimento ao Fernando, um talento que soube entender em palavras nacionais o que eu queria, sensibilidade para traduzi-las em códigos binários e, por mágica, dar-lhes cor e formato. Valeu Fernando!

P.S: o Fernando promete que vai me ajudar a botar essa joça pra funcionar nas próximas 24 horas. Senão, retiro tudo que disse aí em cima, viu!


Todo dia, uma nova palavra

Quando era criança ou quase já adolescente, a escola nos mandava comprar o Dicionário Aurélio, o Mini-Aurélio. Ocorre que, para minha surpresa e decepção, o Aurelinho, o Aurélio em forma abreviada, vinha não com as palavras mais difícies, aquelas impronunciadas. O Mini-Aurélio tinha só palavras ordinárias da nossa rica língua portuguesa, palavras que falamos na cozinha com os pais ou no recreio com os amigos. Por anos a fio passei vasculhando livrarias de todo o país atrás de um dicionário de bolso que realmente servisse ao propósito e justificativa de ser carregado a tiracolo. Nunca encontrei. Pensando nisso e sugestionado por um gringo que coleciona palavras difíceis da língua inglesa, resolvi fazer o mesmo com nosso portuguesinho. Assim, a partir de agora, todo dia uma nova palavra, dessas que você não vê por aí, em qualquer esquina e saindo com qualquer um. Vai ser divertido pra mim. Espero que seja pra vocês.

posted by The guy behind a screen @ 10:39 PM |

  Tuesday, February 11, 2003  

[ 90311503 ]
 

AMARAR com novo VISUAR

Mais tarde, correções, melhoras, adaptações, explicações, agradecimentos. Por ora, joga o perfume por cima.

posted by The guy behind a screen @ 11:16 PM |

   

[ 90310871 ]
 

Se joga na área!

Collin Powell diz que encontrou uma fita que comprova a relação de Osama com Saddan.

Lembra aqueles jogos decisivos, em que seu time, precisando da vitória a qualquer custo, não consegue sair do 0 x 0 até os 47 do segundo tempo e, então, como por milagre, alguém cai de maduro na área e o juiz sai correndo como uma gazela pra marcar pênalti? Pois é...

posted by The guy behind a screen @ 7:10 PM |

  Monday, February 10, 2003  

[ 90302832 ]
 

Sugestão

Gostaria de lançar uma sugestão para todos os 10 finalistas do Ibest Blog. A sugestão é que o vencedor deste concurso, qualquer um que seja, DOE, parte ou total do prêmio, para uma instituição de caridade brasileira. Sei que cada um deve ter seus planos, seus cartões de crédito pra pagar, o cheque especial em atraso e aquelas férias necessárias pra serem bancadas. Mas acho que pelo menos uma parte desse dinheiro não faria mal a ninguém e ajudaria muita gente. Há muitas instituições sérias pelo Brasil, mas aproveito pra recomendar uma, que foi criada aqui nos EUA por brasileiros que por aqui vivem. Chama-se Brazil Foundation. Quem quiser saber mais sobre a instituição, clique aqui.

posted by The guy behind a screen @ 9:17 AM |

  Saturday, February 08, 2003  

[ 90296339 ]
 

Columbia Bullshit

E continua. Páginas e mais páginas de jornais são escritas sobre essa história da Columbia. Quando todo mundo já estava perdendo o interesse sobre o “não-sai-da-moita” guerra do Iraque, do céu veio a salvação da imprensa. E então, jornalistas, nacionais e estrangeiros, iniciaram sua enxurrada de pitacos sobre se a tal da asa esquerda teria sido atingida por destroços, se o tanque de combustível estaria assim ou assado e blá, blá, blá. Um tédio inútil e sem fim. O que é isto afinal? Um assunto absolutamente técnico é alçado a objeto de achismos na imprensa, com reprises e mais reprises, talk shows, fotos coloridas e gráficos bem feitos de página inteira. Tudo como se pudéssemos descobrir a causa do desastre como quem discute se o atacante estava ou não impedido no tira-teima da Globo. Um olho na cena e uma cerveja na mão. E em minutos temos uma opinião pública formada. Welcome to the American way of life.

Enquanto isso...

Enquanto toda a baboseira lá de cima continua a todo vapor, um assunto realmente sério passa despercebido. Ed Rosenthal, médico no Estado da Califórnia, acaba de ser condenado a 5 anos de cadeia. Seu crime, dar cannabis sativa, a tal da maconha, aos seus pacientes, para aliviá-los da dor. A lei do Estado da Califórnia proíbe a prática? Não. É ilegal então? Tecnicamente não, mas a administração Bush tá se lixando, e quer que o ato seja considerado de alçada federal, passando por cima das leis estaduais, tão sagradas no estado federativo norte-americano. Madison e Hamilton devem estar se revirando na tumba...

Muito mais

Mas esse é apenas um dos malefícios desse governo Bush. Um governo conservador, radical, mal intencionado e terrivelmente autoritário. E apesar do consumo só ter aumentado nos últimos anos, falar em legalização das drogas é um vespeiro que ninguém quer mexer por aqui. É mais fácil matar o Saddan, ou chorar pelos tripulantes da Columbia. É menos arriscado e dá mais ibope. E, claro, a colheita é promissora. Dá muuuuito mais votos.

posted by The guy behind a screen @ 1:04 PM |

  Wednesday, February 05, 2003  

[ 90284325 ]
 



Desclassificado...

Enfim escolheram os 2 finalistas para a reconstrução do WTC (World Trade Center). Não consigo entender como Foster ficou de fora. As torres musculosas de Foster eram a cara do espírito "engole esse choro meu filho", tão presente na cultura americana. Além do mais, trazia um quê provocativo, rasgando o céu novaiorquino em sinuosas e arrojadas formas. Pareciam ter sido arrancadas da terra pelas mãos da ira divina. Era tudo o que a cidade precisava pra reverter a ressaca estética causada pelo vazio do WTC. Para os defensores da necessidade de um memorial às vítimas, ficaria reservado esse projeto de Fred Bernstein, tão genial quanto desprezado. Mas houve votação entre burocratas e interesses corporativos. E a oportunidade de ouro de reparar o dano visual causado pelas Torres Gêmeas em 76 foi pro brejo. Espero que não tenhamos outra chance...

posted by The guy behind a screen @ 9:07 PM |

  Tuesday, February 04, 2003  

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Uma Noite Esportiva em Nova York

Cometi a insanidade de me inscrever na Maratona de Paris, que ocorrerá em abril próximo. Já que me propus a isso, tenho que seguir a cartilha do treinamento, direitinho e sem choro. Cair na mão de paramédicos franceses em vez de celebrar com chateau-qualquer-coisa depois da corrida seria patético. Patétique! Pois bem. Diz lá o treinozinho em francês que domingo, meus caros, é dia de correr 2 horas seguidas. Repito: 2 horas!

Aproveito a repentina mudança de temperatura pra tentar uma corrida ao ar livre, fora do complexo-camundongo da esteira. Oito da noite. O pavoroso inverno deu um tempo. Faz “só” 5 graus celsius lá fora. É pra comemorar (Si tu est dans la mérde, moitié merde, c´est bon). Respiro fundo, não penso muito nas 2 horas e vou me aprontando. Calça de nylon, tênis habitual, camiseta, malha e gorro na cabeça. Um sonzinho pra ajudar vai junto. Nas costas, uma mini valise com uma câmera. Sim, vou tentar um registro visual.

Decido fazer todo o percurso em Lower Manhattan, o que em português é a Zona Sul. Saio então pela 14o Street, pego a Avenue B e logo dobro à direita, na 12th Street. Ando sem freios, rumo oeste, na 12a Street, passando por um sem-números de restaurantes (a), (b), (c). Casais também andam grudadinhos por ali. Sem pressa. Mais 10 minutos e estou na Broadway, onde então entro à esquerda. A Broadway corta a cidade de ponta a ponta e, aqui por baixo, é recheada de comércio corriqueiro, no charm. Mas eis que uma loira escultural dá um sorriso discreto de boa noite. Diminuo o passo... não, resolvo continuar a corrida. A luz da cidade é fraca, pode ser “loiro”.

Em 25 minutos estou na Houston Street, que é a porta de entrada do Soho. O visual muda de figura. O comércio, até então desinteressante, dá lugar a atrativos ambientes, como estes com seus segredos de Gisele Bündchen...

Continuo firme na Broadway e mais alguns minutos estou na Canal Street, o paraíso das peruas brasileiras que cruzam o continente em busca de Louis Vitton falsificada. A Canal Street (que tem esse nome por ter sido, literalmente, um canal no passado) também anuncia que o Soho chegou ao fim. Está na hora também de mudar de disco no Walkman. Sai Smiths, entra Pixies.

O cenário agora vai ficando um pouco mais sóbrio e mais inóspito. Estou entrando no Financial District, em direção ao cone sul da ilha, lá mesmo onde viviam as Torres Gêmeas do WTC. Antes, ao meu lado esquerdo e colado na magnífica ponte do Brooklin (1), (2), o City Hall, a prefeitura de Nova York, a casa do Mr. Bloomberg. Mais algumas quadras e músicas a frente encontro o famoso Touro de Botero que avisa que já estou no centro financeiro da cidade. Não há viva alma na rua. É a velha Nova York, onde tudo começou e aonde tudo parece não ter fim. É o velho centro de São Paulo, é a Cinelândia novaiorquina. Mas a diferença não está no volume das Bolsas de Valores. A moeda sem preço é que aqui pode-se correr a noite sem ser assaltado.

Passo ao lado do National Museum of the American Indian, do Ferry Boat que vai pra Estátua da Liberdade e viro à esquerda na Water Street. Sigo firme e solitário pela Water, cruzando a Fulton Street, ao lado do simpático Pier 17, passando embaixo da ponte do Brooklin até terminar em Chinatown, onde outra cidade dá suas boas vindas. Entro na Mott Street e, das trevas, faz-se a luz. O colorido desordenado de Chinatown é bem vindo. Pelo caminho, dezenas de restaurante de cara esquisita, lojinhas vendendo bujigangas em todas as formas e cores, e bancos que aprenderam a falar chinês.

Cruzo novamente a Canal passando pelo Lower East Side. No caminho, atravesso Elisabeth Street e me lembro da entrevista no dia anterior na TV em que Martin Scorsese conta que cresceu naquela rua. Por um segundo, imagino o jovem Scorsese dando estilangadas nas vidraças e amarrando fogos de artíficios nos rabos dos gatos. Scorsese com certeza começou cedo...

Já estou de volta à Houston e passando pelo melhor pastrami da cidade, da Katz´ Deli. Com 1 hora e 40 min. de corrida penso em deixar tudo de lado e cair no pecado da carne. Recorro à perdida fé católica e não sucumbo à tentação. Pra ajudar, troco de disco, ponho Burt Bacharah na vitrola eletrônica. Só faltam 25 minutos. Preciso de fé.

Vou seguindo em direção leste da Houston, até ela se encontrar com a Avenue B. Dez anos atrás esse percurso seria impensável. Teria virado pastrami, aquele que não comi, antes mesmo de tomar o rumo norte. Dizem que foi obra do antigo prefeito, o Giulianni.

Com Burt Bacharah passando a mão na cabeça com canções de amor, começo a olhar no relógio e fazer a contagem regressiva. O negócio começa a apertar. Pensamento positivo, faltam só 15 minutos. Já estou no coração do East Village, perto de casa, e percebo que menosprezei minha capacidade. Se não der umas voltas na Tompkins Square chego antes do programado.

Pronto. Só 5 minutos, quase tudo acabado. Chego em casa com dever cumprido. O resultado? A corrida vai muito bem, a escrita ok e vida de fotógrafo precisa ainda de muito treino...

posted by The guy behind a screen @ 12:44 PM |

  Monday, February 03, 2003  

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Tava demorando...

posted by The guy behind a screen @ 5:36 PM |

   

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Tio Sam tem andado chateado...

posted by The guy behind a screen @ 8:26 AM |

  Saturday, February 01, 2003  

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Gene Hackman e Roy Scheider em The French Connection. Sem explosões.

Muito barulho por Nada (sobre a tragédia da Columbia)

Hoje foi mais um dia de tragédia por aqui. Mas não é qualquer tragédia. É uma es-pe-ta-cular tragédia. Parece uma sina. Será que esse país não pode terminar um capítulo sequer de sua história só encostando a porta, assim, sem bater?

O estrondo, porém, não foi tão alto. Não teve o mesmo impacto de 86, com a Challenger. Longe disso. Aqueles eram outros tempos, época em que explosões estavam no rol das últimas cartadas na manga. Eram impensáveis na vida real e faziam parte do recurso extremo nos filmes. Seu uso, uma apelação em última instância. Rostos estupefatos eram garantidos com uma boa perseguição de carros. Claro, com algumas batidas no final. Mas sem explosões que ocupassem toda a tela. Havia uma ética do entertainment. Era uma linha que não se podia cruzar. Todos sabiam disso.

Mas tudo mudou.

As explosões vieram e com elas uma sede por mais. Bin Ladden, também fruto de seu tempo, sabia que precisava inovar. E como Tarantino, inovou. O World Trade Center foi, pois, o símbolo final de que as explosões, agora parte do dia a dia, também tinham perdido seu apelo persuasivo. Era preciso mais. E mais foi adicionado. Era preciso explosão, ok, mas tinha de haver algo além. Isso! Prédios caindo! Prédios caindo com explosão! Pronto. Um novo paradigma estava formado e restaurava-se um novo rol de emoções. Mas como sempre, havia o ticket na entrada. E a tragédia de 11 de setembro, ao cruzar a linha do aceitável, também impõs seu ônus. Foi o fio dental na roupagem americana. Agora não há mais pra onde ir. Daqui pra frente, ou a nação se desnuda totalmente em uma destruição atômica, ou tudo fará parte do mainstream de emoções perdidas, como a Columbia no dia de hoje.

Com a CNN o dia inteiro veiculando a triste notícia de mais uma tragédia na NASA, era de se esperar um surto de comoção pelo pais. Não há. Pego o telefone e ligo para um amigo americano pra falar do programa de hoje a noite. Tudo combinado. Não se fala em Columbia, nem lamenta-se o ocorrido. Bush fala à nação com lágrimas nos olhos. Não cola. Assim como nós, brasileiros, já nem ligamos para a violência diária, eles, os americanos, acostumaram-se a fogos coloridos no ar e “breaking news” nas TVs a cabo. A linha já foi cruzada.

Ah...Se tudo tivesse ficado naquelas batidas de carro do French Connection...

P.S.: sobre a tragédia de hoje, veja o excelente artigo de Pedro Dória, do No Minimo.

posted by The guy behind a screen @ 7:20 PM |

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